Comprei uma fonte japonesa, daquelas com folhas artificiais e seixos, que de longe me lembram uma cachoeira. Há um estranho consolo entre eu e ela. Os dias tem sido bons, com pequenos vácuos e asperezas que não fogem do habitual. Eu voltei a usar um aparelho dentário móvel que deveria ter sido usado dez anos atrás. Mas há dez anos atrás, eu achei que assim, num passo de mágica, os dentes deixariam de fazer os movimentos errados que vinham fazendo! Dez anos depois os dentes estão lindos, na verdade, o que pega é a coluna. Você sabia que a falta de espaço na boca pode até te render algumas hérnias de disco? Incrível este equilibrista de pratos que é o corpo. Sempre tentando, de alguma forma esdrúxula nos salvar, compensando-se de um lado, retraindo para o outro, digerindo pedras, respirando fuligem, aguentando choques de temperatura, seguindo. Agradeço a ele todos os dias por ele ter aguentado firme até agora. E até comprei essa fonte pseudo japonesa, que embora comprometa a decoração da minha casa, faz companhia aos sessenta e sete por cento de água que o compõe. O corpo.
Abaixo meu único poema publicado, que saiu na ilustríssima da semana passada, e me deixou muito contente. Para quem não leu:
terça-feira, 23 de agosto de 2011
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