Ontem, meia noite e trinta e dois, quando conversava com
minha mãe no telefone, ela adora me ligar de madrugada, sim meia noite e meia
já é madrugada, enquanto falávamos sobre meu avô e Bob Wilson, um passarinho
entrou desatinado pelo quarto. No susto desliguei o telefone e olhei para o gato. Um lord. Impassível. Cadê seu espírito caçador de felino selvagem? eu
disse e ele luflas. Coloquei a capa de chuva contra o corpo e com medo do
passarinho fui até a sala. Suas asas batiam a mil por hora e ele errava a janela
de vidro, errava o corredor e errava em minha direção. Protegida por uma capuz esperei ele pousar em algum lugar da estante, ansiosa, para ver de quem se tratava. Mas
ele batia as asas tão vertiginosamente que só pude ver que não se tratava de nenhum morcego ou mariposa gigante. E sim de um passarinho bege escuro desesperado.
No que ele foi para o quarto pela segunda vez corri até o janelão da sala. Abri.
Ele voltou como se já soubesse e atravessou a janela para a noite na cidade. Fiquei
feliz, embora ele tivesse acabado de
transformar minha casa numa gaiola gigante.
segunda-feira, 1 de julho de 2013
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