quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Romit- o insaciável


(a foto é do Luiz Valcazaras e da Simone Mina)

A história é a seguinte: um belo dia fui tirar as cartas com um cigano, lá em Santo André, e para espremer e resumir bem este enredo, voltei com um gato preto a tiracolo. Romit, com t mudo no final. Sempre achei que os gatos fossem uns bichos orgulhosos, independentes e sarcásticos, e por isso mesmo pensei que ia ser legal ter um. Acontece que o Romit revelou ser um gato com alma de cão, e por que não dizer, de homem, mais carente do que um, depois de um pé na bunda. No começo achei bonitinho, ele ali, me fitando com cara de apaixonado, me seguindo pela casa, querendo entrar no chuveiro... e comecei a ceder; ele dormindo na cama de noite, em cima da minha barriga no sofá, roubando meu atum em lata, roendo meus cachecóis. Só que os bichos são como os vícios, não podem mandar na gente.

Diante da conclusão de que o Romit tem mandando mais em mim do que eu nele, resolvi, há alguns dias, que ele não dormiria mais na cama. Cansei de acordar com ele embaixo da minha lombar ou com suas patas traseiras na cara. Sabe, eu adoraria que ele fosse um daqueles gatos dos Saltimbancos, arruaceiros, sacanas e que voltasse para casa por puro interesse mesmo, só para conseguir um bom filé. A Dr. Kátia, veterinária de Romit, disse que ele já foi um garanhão, um gato de briga. Eu não sei o que aconteceu entre essa fase e a vida com o cigano em Santo André, só sei que agora, ele é um gato de apartamento, asmático, amoroso e com a orelha quebrada. E não ficou nada feliz em ser expulso do quarto na hora de dormir. Na primeira noite miou durante umas seis horas, na segunda quatro e na terceira, regrediu de leve e passou a miar cinco horas seguidas.

Agora ele não mia mais, faz, na verdade, um barulho horroroso, que é uma mistura de uivo, gorjeio e miado, e para quem ouve de fora, parece que estou tirando o couro dele. Não foram poucas as vezes que eu pensei em abrir a porta e abortar a missão. Mas toda noite eu digo, ele não vai me vencer e todo dia eu repito, só por hoje não vou abrir a porta. De fato e apesar do barulho, tenho dormido melhor e feito carinho nele nas outras horas livres do dia. Mas sinceramente não adianta, Romit é um abismo de afagos e carinhos, não importa o quanto eu me dedique a ele, ele sempre quer mais. Eu disse para a Edith, faxineira:

“É o gato mais carente do mundo.”
No que ela me respondeu:
“Será que é por que ele tá no final da vida?”
Final da vida? Meu Deus, eu nem sei a idade do meu gato.
“É Edith, sei lá, só sei que eles têm sete vidas...”
“Acha mesmo?”
“Acho.”


Tantas vidas para querer amor e ele vem me pedir tudo de uma vez, esse gato. Então, já que eu não dou conta sozinha, é o seguinte: para meus amigos, fãs de Romit, que quiserem se revezar em carinhos, a casa está aberta. Agradeço.

7 comentários:

  1. quando marco uma hora para ajudar na criação do gato???rsrs

    bjos, otimo texto

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  2. Bem feito... uma pá de coisa boa em Santo André, vai levar esse gato velho, preguiçoso... Bem feito pra vc!

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  3. Pra mim, isso é um conto, mesmo sendo verdade, é um conto, com vocação para ser um de vários, num livro todo contado por você.

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  4. flor, eu vou cuidar do romit!
    perdi minha gatinha em agosto. julie morreu, então estou com toda a carência de uma vida por gatos.
    prepara o café que eu passo aí.

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