sábado, 21 de maio de 2011
do vento gelado de Copenhagen à brisa do Minhocão
Eu cheguei no Brasil há poucos dias, mas o Brasil está chegando em mim agora a pouco, já que é domingo de sol e a melancolia pós viagem não pode demorar mais tempo que o tempo de desfazer as malas.
Quem me acompanhou nesta viagem foi o vento. Que em Moscou era um vento abrutalhado, vinha de frente, derrubando e depois cessava. Quando cheguei em Copenhagem, terra do lego, da Calsberg, do design, o vento era gelado. O vento gelado de Copenhagem me pegou de lado e gelou tudo que era possível entre corpo, alma e pensamento. Um lugar lindo, que quase me fez sair correndo quando pisei nele, de tão caro que é. Mas é lindo, com um trânsito de bicicleta que supera o dos automóveis, construções que refletem nos canais , como na foto que eu tinha visto e recortado do jornal semanas antes, prédios moderníssimos que se misturam às velhas construções de um jeito harmonioso como tudo lá. Com mulheres alinhadas e chiques e um bom gosto geral quase improvável, como se alguém fizesse uma direção de arte muito certinha na próxima locação do filme e o diretor reclamasse da falta de naturalidade do lugar. Talvez seja chato morar por lá, ou não, sei lá, não conheci o lado B de Copenhagen, por que o vento gelado me expulsou da rua antes que eu pudesse tentar descobrir o que acontece na calada da noite. O choque estético cultural entre Moscou e lá foi muito maior do que o tempo que tive para assimilá-lo, já que fiquei apenas quarenta e oito horas sozinha na cidade onde todos os cidadãos falam inglês perfeito e o sol é bem mais branco que amarelo.
E depois de Copenhagen veio Berlim, com sua primavera linda, linda, linda. Toda aquela cidade efervecendo, com bondes que circulam ao ar livre nas linhas do centro, centenas de galerias de arte a cada bairro, brechós que valem a visita, seres semi-nus nos parques, gente com garrafas de cerveja na mão nos finais de tarde, manisfestações, a acústica indescrítivel da Filarmônica e os iogurtes e salsichas mais saboros do planeta terra. O vento berlinense vinha por trás, no fim da tarde, resfriando as pernas embaixo da meia-calça.
Hoje quase não há vento por aqui, a não ser pelo esforço que meu corpo faz contra o ar na pista do minhocão, onde eu e outros habitantes da Sta Cecília costumamos andar, domingo sim, domingo não.
As fotos do Minhocão são do João, e as de Copenhagen nunca tirei. Pena.
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que delícia querida, e lindas fotos do joão!! bjs
ResponderExcluirOi! Que lindo! Vivo em Copenhague e adoro. O sol da primavera e do verão iluminam até mesmo a noite... Amei tudo o que escreveu.
ResponderExcluirAbraço forte!