Garotos e garotas,
eu vou para a Califórnia! vou procurar alguma Martha na calçada da fama, jogar moedas nas fontes cafonas dos shoppings de L.A, comer os melhores e piores hambúrgueres da América, ir em todas as delhis judaícas e livrarias de teatro possíveis, distribuir meu vídeo book nos estudios da Universal (brincadeira, claro que não), trombar com a Pamela Anderson em Malibu e procurar pelo Neil Young em Santa Cruz.
Vou me fartar e cansar dos chichês da cultura americana. Pegar a estrada mais linda do mundo e cheia de radares de velocidade. Vou comprar aspirinas com alta relação de custo benefício e passar os próximos posts reclamando de como São Paulo é caro. Vou ver o que acontece comigo e com minha mãe sozinhas durante 15 dias juntas, já que a última vez que isso aconteceu foi quando eu estava na barriga dela.
Enfim, vou colocar todo esse ano, que não foi lá dos melhores, na boca de uma água viva em Monterrey e fazer 31 anos de vida nos Estados Unidos da América. In God I trust.
Escreverei de lá, um outubro rubro, picante e farto para todos nós.
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
terça-feira, 4 de outubro de 2011
war
É claro que é melhor ganhar. Mas ganhar uma menção honrosa como esta, escrita pela Ivana Arruda Leite, é um presente. Explico. Participei de um concurso literário "só escritoras" pela Edith. O Marcelino Freire foi o primeiro cara, depois do meu professor de redação da quinta sérire, que me falou que eu escrevia bons poemas. Eu acreditei nele e continuei escrevendo. Eu acho lindo o talento que o Marcelino tem de se entusiasmar com o que os outros estão produzindo, tanto é que, além de um puta escritor, é também professor e um agitador cultural importantíssimo. E foi numa mesa de bar, da Mercearia, claro, que ele abriu o envelope de papel craft com todos os meus melhores e piores poemas dentro e comecou sua avaliação. "De jeito nenhum!" ele excomungava um ou outro poema riscando o papel de uma ponta a outra com sua bic, e quando tropeçava com um que ele gostava, "lindo", "bom!" e lá ia a bic desenhando um ponto de exclamacão nas folhas sulfites. De vez em quando colocava uma interrogação na frente de um verso, no fim de um poema e ia em frente. No fim de tudo, tudo muito rápido, depois partimos para a cerveja, ele disse: "Tem que publicar".
De lá para cá fiz novos poemas, neguei alguns antigos, comecei o blog, escrevi roteiros. Sempre tive medo de escrever muito e as pessoas acharem que eu não era mais atriz. Com a produção também, sempre com medo de produzir e achar que ninguém mais ia me convidar para atuar em mais nada por acharem que virei uma atriz independente e cheia de trabalho. O que de fato talvez esteja acontecendo (não a independência, e sim a falta de convite), mas enfim. Atriz é assim, se você elogia alguma coisa que ela fez que não se refira única exclusivamente a seu trabalho de atriz, ela logo desvia, "Não, mas eu sou atriz, só tô fazendo isso enquanto não aparece coisa melhor."
Atrizes são cheias de desejo, versões multifacetadas sobre muitas coisas ao mesmo tempo já, são chatas, generosas, competitivas, inseguras, cheias de si, profundas, loucas, prolixas, simples. Visionárias.
Mas eu falava dos poemas, que vêm e voltam nas entresafras da vida de intérprete, e por isso inscrevi meu livro no concurso, porque um livro de poema não publicado, é como cozinhar um negócio maravilhoso no fogão a lenha durante longo tempo e saber, de última hora, que ninguém vem para jantar. Aí você pega a travessa ainda esfumaçada e enfurna numa gaveta. E os poemas ficam lá entalados, esperando para sair. Mas junto com a menção honrosa veio o compromisso da Edith, do Marcelino, de publicar o livro no ano que vem. E assim a ceia permanece um pouco mais tempo engavetada, enquanto flano com os pés no chão.
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"Os poemas de Martha Nowill nos atravessam como "boiada em terra alheia" deixando a "estrada desassentada" e "poeira por todo lado". Não é todo dia que a gente encontra uma poeta com voz tão doce e vigorosa ao mesmo tempo. De uma doçura nada enjoativa. Seus poemas cortam sem machucar mesmo quando falam da solidão das madrugadas na metrópole, da fome do sexo não satisfeito, do desastre dos desencontros amorosos, da chatice do homem amado, do tédio. Suas imagens revelam a beleza e o mistério que se escondem sob o véu do cotidiano medíocre que nos sufoca."
Ivana Arruda Leite
(e enquanto não se ganha os concursos, os melhores assentos do avião ou coisa parecida, não é tão difícil assim conseguir uma garrafa de champanhe e conquistar a Ásia e a América do Sul num jogo de War. Satisfação instantânea e garantida.)
De lá para cá fiz novos poemas, neguei alguns antigos, comecei o blog, escrevi roteiros. Sempre tive medo de escrever muito e as pessoas acharem que eu não era mais atriz. Com a produção também, sempre com medo de produzir e achar que ninguém mais ia me convidar para atuar em mais nada por acharem que virei uma atriz independente e cheia de trabalho. O que de fato talvez esteja acontecendo (não a independência, e sim a falta de convite), mas enfim. Atriz é assim, se você elogia alguma coisa que ela fez que não se refira única exclusivamente a seu trabalho de atriz, ela logo desvia, "Não, mas eu sou atriz, só tô fazendo isso enquanto não aparece coisa melhor."
Atrizes são cheias de desejo, versões multifacetadas sobre muitas coisas ao mesmo tempo já, são chatas, generosas, competitivas, inseguras, cheias de si, profundas, loucas, prolixas, simples. Visionárias.
Mas eu falava dos poemas, que vêm e voltam nas entresafras da vida de intérprete, e por isso inscrevi meu livro no concurso, porque um livro de poema não publicado, é como cozinhar um negócio maravilhoso no fogão a lenha durante longo tempo e saber, de última hora, que ninguém vem para jantar. Aí você pega a travessa ainda esfumaçada e enfurna numa gaveta. E os poemas ficam lá entalados, esperando para sair. Mas junto com a menção honrosa veio o compromisso da Edith, do Marcelino, de publicar o livro no ano que vem. E assim a ceia permanece um pouco mais tempo engavetada, enquanto flano com os pés no chão.
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"Os poemas de Martha Nowill nos atravessam como "boiada em terra alheia" deixando a "estrada desassentada" e "poeira por todo lado". Não é todo dia que a gente encontra uma poeta com voz tão doce e vigorosa ao mesmo tempo. De uma doçura nada enjoativa. Seus poemas cortam sem machucar mesmo quando falam da solidão das madrugadas na metrópole, da fome do sexo não satisfeito, do desastre dos desencontros amorosos, da chatice do homem amado, do tédio. Suas imagens revelam a beleza e o mistério que se escondem sob o véu do cotidiano medíocre que nos sufoca."
Ivana Arruda Leite
(e enquanto não se ganha os concursos, os melhores assentos do avião ou coisa parecida, não é tão difícil assim conseguir uma garrafa de champanhe e conquistar a Ásia e a América do Sul num jogo de War. Satisfação instantânea e garantida.)
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