quarta-feira, 2 de novembro de 2011

L.A WOMAN


É IMPOSSÍVEL andar por Los Angeles sem um óculos na cara. Tudo é muito claro, as ruas largas com longas e tortas palmeiras que cobrem os canteiros nas calçadas. A cada dez minutos você tem a impressão de estar num dos milhares de filmes americanos que você vem assistindo desde a mais tenra idade. In fact, é impressionante como toda essa cultura está impregnada em nossas memórias. Eu poderia ficar muito, bastante tempo por aqui. Mas, é o que todos dizem, sem um carro e um gps, nem venha para cá, pois para qualquer lugar que você queira ir, dá-lhe uma free way, uma high way, uma boulevard a milhas de distância. Mas guiar aqui é bom, as pessoas guiam bem, e eu devo ter levado no mínimo umas cinco broncas, das quais não entendi uma só palavra, sobre o meu modo brasileiro/paulista de guiar. Eu vi gente indignada comigo por conta de coisas que em São Paulo, ninguém sequer notaria. Reeducação sentimental no trânsito, é o que venho passando.



Outro problema que venho tendo é um lugar chamado Hugo´s, que fica a dez minutos do hotel onde estou hospedada. Um dinner, daqueles onde a moça fica repondo seu café cada vez que a xícara esvazia. O cardápio do Hugo´s é extenso, e não tem um item que eu não queira experimentar. Desde sucos malucos orgânicos, a eggs benedict, panquecas, frittatas, massas, iogurtes, tacos, etc etc etc E como tudo se faz de carro, onde gastar as calorias? Pois é.



Enquanto isso as pessoas malham em Venice Beach, uma mistura de praia, com vinte e cinco de março, galeria do rock, hospício, Arraial d´Ajuda, e algo mais que eu não sei nomear. Uma praia gigante, quadras de basquete, lojas e lojas de tatuagem, venda de maconha sob prescrição médica, junk food, lojas de souvenir, surf, out lets, freak shows, turistas,viciados em esculpir o corpo, uma gente maluca andando, uma fauna de gente com calções de banho esquisitos, patins, fantasias, sei lá, uma mistureba quase inenarrável. E o sol na cara. Dizem que de noite a barra pesa, não sei, não fui, mas acredito.



Aliás, a noite aqui acaba cedo. Não sei dos lugares onde não fui convidada a ir, mas nos bares, uma e meia acabou. Os drinks são geniais, bons mesmo, posso dizer isso com propriedade no assunto. Já os hamburgueres, quanta decepção, nossa carne é muito melhor. Aliás engraçado como São Paulo é uma cidade que se especializa tanto em fazer certas coisas que acaba fazendo melhor do que no país de origem. Assim como comemos pizza muito melhor na terrinha do que na Itália, o mesmo se aplica aos hamburgueres. E essa opinião é também de outros brasileiros que moram por aqui.


Já o chili, meu Deus, nada, nada se compara ao Chili americano.



Os dias voam para mim.






Santa Mônica, Silver Lake, Hollywood, calçada da fama, shoppings, O Getty Museum e é claro, o Halloween, que aqui é uma febre quase tão quente quanto o carnaval brasileiro. Dias antes, o povo começa a sair fantasiado, como se nada fosse. Até explodir num desfile/festa na Santa Mônica Boulevard, o maior Halloween do mundo, a menos de trinta metros do meu travesseiro. A princípio parece que a coisa vai pegar fogo, mas não sei se é por que não se pode andar com uma lata de cerveja na mão em público, ou o quê, mas a festa acaba sendo meio família. Minha mãe disse que lembra o carnaval de rua da época dela. Meio ingênuo talvez. Eu fiquei impressionada com as produções. Americano consegue fazer efeito especial até na hora de se fantasiar, uma verdadeira vitrine de esmero e dedicação em cada roupa. O equivalente ao preciosismo das produções de escolas de samba, só que em escala individual. Não durei mais que vinte minutos na festa, onde passei desapercebida pela multidão.


Fiz meus trinta e um anos com um pôr do sol no pier de Sta Mônica onde um grupo de cancioneiros mexicanos cantou parabéns a você para mim. E um jantar no Chateu Marmont, aquele onde a Sofia Coppola filmou seu último longa. Parece que o David Lynch come galinha lá, todo domingo a noite. Como só consegui mesa no bar e não no restaurante de fato, não posso confirmar o boato. Era domingo e eu comi a galinha especial do dia, e era boa, frita na manteiga, com um biscoito, purê, verduras. Um lugar lindo, onde comemos muito bem e tive que presenciar minha mãe roubando a margarita da mesa ao lado, deixada por dois marinhos à la Querele, que levantaram sem sorver um gole sequer do copo nublado de gelo e sal. Lua nova, um drink roubado, outros comprados, uma conta bem menos barra pesada que as facadas que tomamos nos restaurantes paulistanos. E a vida passando também. Como se nada fosse. Mas é.

O resto, como diz minha amiga Nina Crintz, não é perfumaria francesa, e sim farmácia americana.

4 comentários:

  1. Delícia de viagem, delícia de blog. Quando volta?
    bjs.
    Felipe

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  2. dia 8 de novembro eu volto. logo mais escrevo sobre a viagem para san francisco...bjs

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  3. lindo texto, marthinha! aproveite seu início de ano!! e como disse nina shakespeare.. o resto é farmácia. beijos, amiga.

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