Ternura pelos homens na academia. Não de letras. De ferros.
Os homens com suas cores neon, seus bíceps, tríceps, psoas. Os homens que batem
as mãos uns nos ombros dos outros saudando músculos, ossos, força. Consumindo e
falando proteínas. Ternura por esses homens tão doces em sua boçalidade, tão
honestos em suas vontades. Parecem viver no intervalo entre uma coisa e outra,
no recreio da vida adulta. Os homens que se divertem entre si numa espécie de
confraria da qual nunca farei parte no canto mais à esquerda do salão. Perto
dos halteres, das rodas de metal. Passo por eles como quem caminha na parte
mais densa da selva: as conversas entrecortadas pelos exercícios, a
camaradagem, tatuagens desbotadas e esdrúxulas, os pinos, clavículas e uma
cartilagem mais desgastada no joelho direito. E como se roubasse o ar alheio,
inspiro por um instante a alegria que paira entre suas cabeças antes de voltar
para minhas obrigações. Abaixo o rosto no bebedouro de metal e sorrio. Se eles
não fossem tão ternos, tão bobos, simples e adoráveis, eu morreria de inveja.
quarta-feira, 21 de novembro de 2012
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eu também. ou de inveja ou de desejo. nenhum dos dois casos.
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