Dizem que é a mão que denuncia nossa idade, a cara da mulher pode estar linda, o corpo enxuto, mas se você olhar para as mãos, vai saber a verdade. Na véspera de completar vinte e nove anos, resolvi olhar para as minhas.
É quase imperceptível, nenhuma mancha, vinco, nada parecido. É mais como se ela estivesse um pouco mais altiva, menos falastrona, o tempo. Eu sempre achei bobagem quando minhas amigas diziam, quando você chegar perto dos trinta, vai entender. Não estou entendendo nada muito bem, na verdade, acho que melhorei com a idade. No colégio eu era só uma menina extrovertida, que gostava de poesia, era meio amiga de todo mundo, meio sem turma, meio cdf, pecando na matemática, um pouco nerd, talvez. Quando meus pais se separaram eu caí no mundo. Foi uma queda desajeitada, comecei a fazer teatro profissional quando a maioria dos meus colegas nem sabia direito qual vestibular prestar, faltava nos eventos escolares para ensaiar e caía na balada. Era colégio de manhã, Célia-Helena fim de tarde-noite e a noite madrugada adentro. Nem sei como aguentei, minhas notas caíram, eu comprei um dicionário mundial de citações para dar conta das redações, adquiri olheiras, parei com os esportes, lia sem parar e me apaixonava pelos homens errados. Lembro que o Marcelo Paiva foi dar uma palestra na escola e eu me apaixonei por ele. Fiz um pedido de namoro, mas ele não aceitou, preferiu a Marina, minha amiga. Agora somos bons amigos e rimos do episódio. Como eu disse, acho que o tempo é meu aliado, com dez anos olhava aquelas meninas populares jogando handball como profissionais e sabia que era por pouco tempo que eu ia continuar fugindo da bola, sabia que ia ser por outro caminho. Naquela época eu tinha a impressão de que tinham me colocado na quadra errada, com as pessoas erradas. Depois encontrei o teatro, e achei que era um bom lugar para fixar residência no mundo, mas aos poucos, aconteceu de tudo ir ficando apertado e eu passei a ir atrás de outras vistas. Então acabei sentindo que estava em muitos cantos e talvez em canto algum. Hoje decidi que não existem lugares, mas onde quer que eu esteja, tento ser a melhor companhia para mim mesma e para minhas mãos.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Martha querida, muito bacana sua prosa. O apuro com que descreve os detalhes, servem de aperitivo para estomagos famintos de literatua. Beijocas, Mari
ResponderExcluirMuito lindo Nowil, lembro muito de algumas madrugadas compartilhadas...saudade. Feliz Aniversario. Sua mao nao deu para ver nas fotos, mas voce esta linda, linda....bjos! Ligia Hacker
ResponderExcluirjoooooyeux anniversaireeeee!!!
ResponderExcluirsuper beijo meu
teu poeta dos poemas "apolineos e viris" (hehe)
Sempre é a idade de ser feliz como dizia mario quintana!!!
ResponderExcluir