sábado, 31 de julho de 2010

S.P

Arrasto a mala azul turquesa pela rua puta da vida com o taxi que não veio. Nunca mais chamo naquele ponto. Vejo um outro na esquina, aceno, entro. Explico o endereço, falo da pressa e ele sugere cortar caminho pelo elevado. Depois lembra que a essa hora o elevado ainda não abriu. Ele pega um rua errada, me olha no retrovisor. Perde dois faróis, entra na contramão, ruboriza, faz a volta com o carro. A certa altura do trajeto ele me diz:

"Desculpa moça, mas tá difícil, essa sua vibração negativa tá atrapalhando meu trabalho."

"Oi?"

"Você tá muito ansiosa, eu sou sensível. Assim não consigo dirigir."

"Ah..."

Sigo silenciosa no banco de trás. Polida, felizmente.

Ele me cobra dois reais a menos na corrida, gentileza que aceito sem cerimônia.

"Tem muita gente ansiosa em São Paulo moço."

E desco do carro atrasada.

6 comentários:

  1. Gosto tanto dos seus textos, do seu olhar sobre a vida, do seu olhar propriamente dito...e , olha, o cara que você ama deve ter muita sorte. Um beijo!

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  2. muito obrigada pelo comentário elogioso. valeu mesmo. vou mostrar esse comentário a ele. aliás, acho que vou imprimir e pendurar no mural! beijo.

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  3. Pendure sim! E, quando quiser ler algum algo meu, aqui: http://rsaffuan.blogspot.com/2010/08/do-lado-de-dentro.html - um beijo!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Jajajajajajajajajajajajajajajajajajaja!
    Genial, Marthinha!
    Adoro teus textos... fazia tempo que eu não vinha aqui!

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