quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Percebo que estou cansada depois de passar dez minutos na frente da televisão assistindo ao leilão "as pérolas do Nelore" sem conseguir arrumar forças para mudar o canal. Nunca achei que fosse sucumbir ao clichê, mas acabo de aderir àquela ala de pessoas ocupadas que vivem correndo de um lado para o outro, chegam sempre quinze minutos atrasadas nos compromissos e adoram dizer que o tempo, é artigo de luxo.
Eu poderia justificar minha recente ausência neste espaço virtual fazendo-me valer de mais um clichê literário, o da falta de inspiração. Mas hoje o Niltinho me leu um trecho do Schopenhauer no ensaio que acabou me saindo uma desculpa melhor. Em resumo o texto dizia que aquele que lê, o tempo todo, não dá espaço para o cérebro pensar por conta própria, vive ininterruptamente as ideias alheias, sem poder criar e experimentar as próprias. Que assim como o corpo padece pelo excesso de alimento, o espírito também padece com o excesso de leitura, como uma mola, que depois de receber peso durante tanto tempo, perde a própria elasticidade. Até hoje a melhor desculpa que eu tinha arranjado para a culpa que carrego de não ler tanto quanto eu acho que deveria, era um entrevista dada pelo Bob Dylan. Ele estava na grande biblioteca de um amigo quando pensou: bom, se eu for ler tudo isso aqui, nunca terei tempo de viver.
Então essa é a desculpa, e me parece bem legítima, para meu desleixo e falta de dedicação por aqui: quando a gente não tem o que dizer, ou ao contrário, quando há muito a ser dito mas não se sabe exatamente como, nem por onde começar, melhor mesmo é ficar quieto e não correr o risco de abarrotar os olhos e espíritos alheios com ideias confusas e mal traçadas. Desculpem, parece que me escapou mais um porção de clichês. Outro clichê dos clichês, aliás, pedir desculpa pelo inevitável uso de um clichê.
Acho que é melhor mesmo e me ater ao convite. As mulheres acima são "Mulheres Que Bebem Vodka". Nós estamos em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil, às terças, quartas e quintas, 19:30. Este projeto é fruto de uma parceria minha com a diretora, Lígia Cortez, e é claro, com muitos outros talentos.
É um prazer, uma honra e uma loucura dividir a cena com essas mulheres.
MULHERES QUE BEBEM VODKA – Texto – Victor Hugo Ráscon Banda. Direção – Lígia Cortez. Elenco – Maria Manoella, Martha Nowill, Patrícia Gasppar, Regina França, Selma Egrei e Gina Monge. Tradução – Hugo Villavicenzio. Assistência de Direção – Joana Dória de Almeida. Cenografia – Ulisses Cohn. Figurinos e Visagem – Fábio Namatame. Trilha Sonora – Daniel Maia. Iluminação – Wagner Freire. Fotos e Vídeo – Edson Kumasaka. Idealização – Martha Nowill e Lígia Cortez. Idealização – Mil Folhas Produções Artísticas. Realização – Centro Cultural Banco do Brasil. Direção de Produção – Norma-Lyds. Assistência de Produção – Ana Barros. Duração – 70 minutos. Espetáculo recomendável para maiores de 14 anos. Temporada – 01 de setembro a 11 de novembro. De terça a quinta-feira, às 19h30. Ingressos – R$ 15,00 (inteira) e R$ 7,00 (meia-entrada) para estudantes, idosos e professores.
Durante a temporada alunos de artes cênicas terão 5 ingressos gratuitos por sessão, que devem ser retirados com uma hora de antecedência na bilheteria do teatro mediante comprovação de matrícula no curso.
CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL – Rua Álvares Penteado, 112 – Centro. Próximo às estações Sé e São Bento do Metrô. Informações (11) 3113-3651/ 3113-3652. Acesso e facilidades para pessoas com deficiência física// Ar-condicionado // Loja // Café Cafezal. Capacidade – 125 lugares. www.bb.com.br/cultura e www.twitter.com/ccbb_sp.
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Fui ver a peça ontem e as cinco mulheres estão muito bem!! Você particularmente está ótima!! E ficou até muito branca quando contou a estória da barata albina. O texto é muito bom, trilha sonora também. Só o finalzinho, o tiro na outra mulher, é que achei meio deslocado, como se o autor não soubesse como terminar ou estivesse cansado de escrever e bang! Melhor seria o tiro na cabeça.
ResponderExcluirAgora, reparei que vocês estão com perucas diferentes daquelas que constam do programa e das fotos acima. Alguma razão especial para a troca?
Outra questão: a bolsa da escritora cai no chão e dela sai uma peruca. Engano?
Olá Metamorfose, desculpa a demora em te responder. Pena não ter te conhecido no teatro. Que legal que vc foi. As perucas são diferentes pq na época que fizemos as fotos de divulgação ainda não tínhamos o fugurino certo. Isso acontece mto, a gente é obrigado a fazer as fotos antes, por causa do tempo e acaba ficando assim mesmo.. Qto ao tiro, bom, se fosse responder pela minha personagem, tb preferiria o tiro na cabeça, mas o Victor Hugo decidiu assim mesmo... Um grande beijo
ResponderExcluirAh, sim, é uma peruca dentro da bolsa...tem dia, que ela cai no chão, melhor que outros...
ResponderExcluirÉ sempre legal passar aqui...
ResponderExcluirÓ, o Aristóteles também disse que o estudo de filosofia não deveria ter mais de 3 horas por dia, mais é um exagero que faz mal a alma.
Parabéns por mais uma nova peça!
Tenho de ir a SP um dia ver suas peças...
três horas por dia tá bom , né? vem asistir. vc é da onde? beijo
ResponderExcluirDe Niterói, RJ. Um dia eu vou...
ResponderExcluirBeijo.