terça-feira, 3 de maio de 2011

chá de neve



Eu não costumo contar meus sonhos, nem tenho muita paciência de ouvir o dos outros. Por isso fique a vontade de parar sua leitura por aqui, caso você não esteja muito interessado no sono do outro. Parece incrível para quem sonhou, mas, quando relatada, uma peripércia noturna pode soar como uma experiência de filme surrealista de qualidade duvidosa para quem ouve. Aqueles efeitos como “e aí, eu estava no convés do navio, que na verdade era um avião, junto com meu pai, que na verdade tinha o rosto do Clint Eastwood, você sabe, aquelas coisas de sonho...” são um tanto entediantes para o ouvido alheio. Desde criança pedia para Deus, à minha cabeça, meu inconsciente, para Morfeu, rei do sono, enfim, para quem se dispusesse, pedia para sonhar que estava voando. Anos pedindo e só fui sonhar que voava aos trinta. Foi um grande acontecimento para mim e eu fiz questão de não compartilhá-lo com uma só alma. Ninguém poderia entender o quão chocante foi o sonho.

Mas esses dias tive um sonho e fiquei com vontade de escrever sobre ele.

Estávamos numa montanha, eu o guru indiano. Era um pico nevado e o guru me ofereceu chá. Um chá de neve.
Eu duvidei do guru, como poderia um chá ser de neve? Mas era, e era nevado e escaldante ao mesmo tempo.
Então perguntei para o guru como aquele chá poderia ser frio e quente ao mesmo tempo. No que ele me respondeu:
"Assim como os seus pés, quando estão gelados, convivem com o seu coração, que é quente."


E de repente eu estava na rússia, recebendo uma proposta de trabalho estranha e um tanto indecente. Era para ser animadora e dançarina num programa de auditório russo. Um pouco fora da minha alçada mas com um cachê tentador. Oito mil euros por mês. Comecei a fazer as contas, os prós os contras, também pedi para ver o tamanho do shortinho que teria que usar . E paga as passagens de ida e volta para o Brasil, uma por mês?

Foi aí que acordei, pensando no câmbio do dia.

Neste exato momento, escrevo do aeroporto de Munique. Depois de ser torturada com perguntas pelo oficial do passaporte, impressionante como esses caras gostam de fazer a gente se sentir culpado de alguma coisa que não cometeu. Do me lado outros dois caras falam numa língua impossível de descobrir. Ainda tenho horas de viagem e conexões até a Rússia. Pernas inchadas e coragem! Mas a Rússia vale a viagem. E são bons os motivos que me levam até lá. E vai que...algum produtor local se apaixona pelas minhas pernas. Aí quem sabe...oito mil euros mensais... eu viro chacrete moscovita e poderei gritar aos quatro cantos que tive um sonho profético.

Não sei se encontrarei chá de neve por lá, mas vodka certamente. E vou contando por aqui.


A foto foi feita para o calendário em homenagem ao Mário Bortolotto que a Fabi Vajman e o Ogro inventaram e produziram. O calendário acabou não saindo em grande tiragem, então publico aqui, já que falamos de pernas e eu, de fato, ando precisando de trabalho. No calendário, fiquei com o mês de outubro. o rubro.

3 comentários:

  1. Olá Martha,

    Frequento seu blog motivado pelos seus textos, gosto da abordagem que você tem da vida e da visão que tem do mundo, mas sou obrigado a comentar sua foto nesse post, poucas vezes um vi uma foto tão sensual, não num sentido apelativo, mas sim por ser totalmente natural, quase como um convite a privar de sua intimidade. Simplesmente maravilhosa!

    Se preferir, pode rejeitar o comentário, mas fica registrado o elogio.

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  2. imagina que vou tirar este comentario elogioso. obrigada por frequentar o vermelho russo. um bj!

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  3. martha!
    seu blog é muito bom cara! tô adorando os posts!
    é muito difícil encontrar algo assim tão bom de ler.
    o charly postou hj no fb o link e vim aqui ver. ganhou uma leitora!!
    boa sorte por aí, tô mandando altas energias pra vcs.
    beijo, carol leone

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