mas não me convide. Não é a toa que as pessoas adoram jogar essa frase na nossa cara quando as convidamos para assistirem uma peça. Eu já falei aqui e repito, pessoas de teatro podem ser muito inconvenientes.
Outro dia a Marina, minha irmã caçula, mais conhecida como O Blim, por motivos que não tenho tempo de explicar agora, enfim, O Blim estava atravessando a Avenida Paulista para ir ao cinema.
Era uma tarde qualquer e minha irmã, que descobriu recentemente que a faculdade que ela esta fazendo não é exatamente o que ela quer fazer, estava matando aula. Um pouco sensível, talvez uma TPM. O Blim atravessou correndo o farol do Conjunto Nacional para não ficar presa na ilha e estava prestes a entrar no Bristol quando ouviu pelas costas a frase que tenho pavor de ouvir.
-Gosta de teatro?
O Blim gentilmente respondeu.
-Gosto. Tenho até uma irmã atriz.
-Que ótimo, então não quer colaborar com a nossa campanha do Vá ao teatro?
O moço tanto fez que convenceu Marina a preencher uma ficha e desembolsar trinta e cinco reais para assinar a tal da revista. Quando o Blim pegou o formulário nas mãos, já sabia que estava se metendo numa roubada, mas não teve coragem de pular fora, porque pelo entusiasmo do sujeito ela devia ser a única do dia a cair naquela conversa. Aquela seria a boa ação do semestre, só que a coisa piorou quando ela descobriu que só tinha um cartão de débito na carteira.
-E agora, acho que vamos ter que deixar para uma próxima...
Mas o moço rapidamente tirou uma solução da cartola.
-Vamos fazer o seguinte, eu e meu amigo tamo com fome, a senhora acompanha a gente no Mac, paga nosso lanche e a gente deposita depois o seu dinheiro com a ficha no banco.
-Ah tá, então vamos.
Naquela altura, realmente, nada poderia reverter o absurdo da situação. O Blim entrou na fila e eles se fartaram com tudo que tinham direito. Dos lanches aos Nuggets, dos sundaes às fritas. A conta deu trinta e oito reais.
-A senhora não se incomoda de pagar três reais a mais, né?
-Imagina, tô aqui mesmo.
Fiquei chocada com a cara de pau deles e ela me disse depois: "Martha, eu tava achando aquilo tão surreal, já tinha perdido meu cinema, que resolvi que era aquilo mesmo que tava acontecendo e eu não ia contrariar."
Depois ela me mostrou os benefícios do negócio que tinha feito; ingressos para "As Encalhadas", peças espíritas e outras comédias ordinárias.
-Acho que vou tentar "As Encalhadas", da Bibi Ferreira, o que você acha?
-Sei lá Blim, acho que é uma questão de honra, agora você vai ao teatro.
-Tem também um desconto para comer no Piolim, conhece esse lugar.
-Ah legal, conheço, de quanto é o desconto, cinquenta porcento?
-Não, dez.
-É Marina, realmente, você foi uma presa fácil.
Lembrei que dez anos atrás, sem querer e tentando ajudar uma moça a conseguir bolsa na faculdade, fiz uma assinatura de um ano da revista Gula. É a velha história, "me passa o número do seu cartão, só para a gente te dar um brinde" e quando você vê, está dividindo o prejuízo em doze parcelas. Toda vez que aquela revista chegava eu ficava puta por ter sido enganada e principalmente por estar de regime e não poder usufruir das receitas.
Só espero que O Blim não fique com o mesmo sentimento em relação ao teatro. Prometo que te dou convite para a próxima, tá?
terça-feira, 24 de novembro de 2009
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Gostei daqui
ResponderExcluirei querida, não sabia que você tinha um blog...bjs
ResponderExcluireu sempre gostei daqui...
ResponderExcluireu tb!
ResponderExcluirHahaha! sempre quis saber os "benefícios"deste vá ao teatro.
ResponderExcluirpois é...."benefícios"....zero benefício!
ResponderExcluirrs... também sempre quis saber o que rolava...
ResponderExcluiradorei entrar aqui!
Beijo,
Helena.
eu adoro isso aqui!
ResponderExcluire impõe-se um post exclusivo sobre O Blim e a origem do apelido.
bjo do teu poeta de poemas apolineos e viris
Ô Martinha... tem duas peças minhas nessa revista...rs Não "zua". bjos
ResponderExcluiré, preciso explicar a origem do apelido Blim...é bem esclarecedora..e desculpa aí Paulo, eu tb já devo ter tido peça na revista. e funciona? bj
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirAqui não é o melhor canal para fazer isso, mas foi o único que encontrei.
Assisti sua apresentação no Vira Cultura e fiquei muito impressionado. Conseguiu colocar o cotidiano de uma maneira incrível.
Mas uma frase em particular me deixou muito tocado. Algo como 'pq chamar os dias ainda a ser vividos de resto da vida' Como é mesmo esse verso?
Obrigado e parabéns!
Oi Christian, obrigada pelo elogio e pela visita. Este poema é um dos poucos que está no blog, numa postagem mais antiga "Já?". É só vc descer um pouquinho que acha. bjs
ResponderExcluirtá uma delícia seu blog, Martinha.
ResponderExcluirBeijos gordos,
Léo
Afinal, "o Blim" foi ou não ao teatro?
ResponderExcluirE a explicação do apelido??
Estamos esperando ......
Frid
o Blim pegou uma gripe e não viu coisa alguma. sorte dela! qto ao apelido, se eu contar vcs vão achar eu e minha irmã mais velha dois mostros...bjs
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