São quase duas da tarde em Treptow e tem um pimpolho assistindo uma versão dublada, em alemão, de Hobin Hood na minha sala. Na janela, cubos de gelo derretem por causa do sol e eles dizem que isso é quase verão por essas bandas.
Eu não vim para cá por causa de nenhum curso, trabalho ou férias, vim, na verdade, conhecer os três filhos do João, meu namorado. Não, ele não é alemão, mas teve a proeza de fazer três filhos aqui. Do menor para o maior: Cauê, Gil e Clara; sete, doze e quinze. Graças a Deus não são nenhuma dessas pestinhas que a gente vê por aí, pelo contrário, mas são crianças, adolescentes e eu ainda não entendi se vim para cá para que eu os aprove ou o contrário. De qualquer forma, a vida de "madrasta" requer uma doze extra de jogo de cintura e afeto, e eu ainda questiono se estou bem preparada para tal.
No primeiro dia eles me fizeram atravessar um canal congelado quando eu ainda estava vestida em botas cauboi. Foi como sair do aeroporto para um gincana: as botas deslizando, o medo do gelo quebrar em baixo de mim e eu afundar como sardinha água abaixo.
Sinceramente, tenho me sentido um pouco velha, ajudando o João a administrar uma adolescente que conhece todos os lugares da moda por aqui, enquanto que eu, há meses longe da solteirice, não caio numa balada mais arrojada. A idade anda me pegando desprevenida, assim como o frio.
Fora isso, o que mais vejo por aqui são turcos, bom, evidente, já que estou hospedada num bairro turco. Os kebabs são maravilhosos, as palmilhas térmicas funcionam, embora deixem a bota um pouco apertada.
O apartamento onde estou, em Berlim oriental, foi construído em 1901, provavelmente para operários morarem. Tem um pé direito altíssimo, palha entre os tijolos e um cômodo gelado para entulhos atrás do banheiro, único lugar sem calefação da casa. Um prédio bem alemão, daqueles que você imaginava na época do muro, pois então, é aqui. Claro que passou por reformas e adaptações e é atualmente um lugar charmoso, onde tenho tomado longos banhos quentes de banheira, sabendo que lá fora neva.
Venho para Berlim achando que é lugar do momento na Europa, enquanto que eles tem certeza que o Brasil é o país do futuro. Engraçado. Ontem encontrei um casal de amigos que conheci por acaso nas ruas de Moscou, ano passado, e que, por acaso, também estão na cidade. Fomos a um concerto. Eles estão indo para o Brasil amanhã, fazer uma mostra de cinema russo na cinemateca.
Atravessar o mundo, às vezes, é como ir até a esquina.
domingo, 31 de janeiro de 2010
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Bem! BERLIM! Como posso dizer! Uma decepção! Jamais conheci uma cidade tão sem graça ! Até a minha querida Porto Alegre, tem mais vida que Berlim! O incrível é uma cidade tão insípida ter sido palco de acontecimentos que abalaram o mundo. Você estando em Berlim não consegue acreditar que uma cidade daquelas tenha sido palco de alguma coisa! Uma cidade cinza, tristonha, com uma população meia zumbi, cheia de negros, vietnamitas e árabes. A tal Potsdamer Platz é incrível que tenham gastado bilhões de euros para fazer um negócio daqueles. Uma praça que é só concreto e cimento em forma quadrada. Triste!
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