segunda-feira, 20 de julho de 2009

A BALEIA DO PINOCCHIO




De todas as coisas estranhas que andam acontecendo no mundo, entre elas, catástrofes climáticas, quedas de avião, mortes enigmáticas e epidemias que se alastram, de todas elas, que honestamente me parecem conseqüências naturais da vida que levamos, uma coisa me chamou a atenção.

Eu tinha uma pedicure aos meus pés e folheava uma revista qualquer quando bati os olhos na seguinte informação: as baleias, que são animais que se comunicam de maneira sofisticadíssima, andam encalhando nas praias. Cardumes de baleias atolados em nossas areias? Sim, isso porque o volume de embarcações humanas, que é enorme, cria um ruído constante no fundo do oceano; este ruído interfere diretamente na conversa das coitadas, que acabam por se atrapalhar em sua cantoria e em suas rotas. Bom, não bastasse a poluição sonora de nossas cidades, estamos também tirando o sono dos colegas do fundo do mar.

Perto de tudo que vem acontecendo, talvez esta informação não seja tão chocante para alguns, como é para mim. Acho que pelo fato de eu ter uma relação afetiva com as baleias desde a primeira vez em que vi Pinocchio, ou, porque ali, com os pés na bacia, eu tenha sem querer sentido o peso da responsabilidade de habitar um planeta. Uma parcela de culpa que eu esqueço ter na maior parte do tempo, ou prefiro esquecer, porque afinal, o que é que eu vou fazer para ajudar as pobres das baleias?

Pois é, não sei, mas lembro do susto que levei, quando soube pela professora de ciências do pré- primário, que a baleia, apesar de viver na água, era o maior mamífero do planeta terra. O mesmo lugar de onde as abelhas estão desaparecendo e que atualmente nos faz passar pelas quatro estações num dia só. “Esse tempo”, como diz minha avó, “tem estado infame!”. Ela, que costuma fazer pequenas caminhadas matinais no terraço da casa, e que agora, por causa do frio, tem tido que andar em volta da mesa da sala.

Morri de rir quando ela me contou o fato hoje na hora do almoço. Tentei consolá-la dizendo que sua situação de locomoção andava bem melhor que a das baleias brancas, mas acho que ela não me ouviu direito, ou não me entendeu. Só sei que não achou a menor graça.

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