(fumódromo)
(tom e jerry)
Moscou, dia 20 de março, sensação térmica de -10 graus
Comprei o mr.muscle, um desinfetante de banheiro, e a cada dois
dias encharco minha privada e banheira com ele. Depois jogo água pelando, deixo
escorrer, secar e preparo uma banheira bem quentinha pra mim. Uma parte da
equipe tem nojo da banheira, mas eles não tem noção do que estão perdendo, um
banho desses depois de um dia de frio pode operar milagres.
Nossas filmagens entraram no prumo. O inesperado tem se
conjugado harmoniosamente dentro de nossa ordem do dia, ou melhor, nossa
desordem do dia. As cenas estão boas e o
Charly tem conseguido fazer o que quer e parece mais satisfeito com o material.
As aulas engrenaram, apesar de quase todos os figurantes terem desaparecido e o
jantar do alojamento foi trocado por um catering deixando nossa vida um pouco mais digna.
Eu, que pessoalmente tenho dificuldade de fazer cenas onde “nada”
acontece, tenho me sentido bem mais a vontade nesse tipo de plano. Minha febre
passou e foi substituída por uma alergia feroz, mas nada que um novo comprimido
não tenha resolvido. Enquanto uns se curam outros adoecem, e assim, nosso set
continua uma sinfonia de tosses. Eu comprei uma casaco novo pela pechincha de
999 rublos e confinei a Sarita à mala de figurinos, já que outro dia filmamos
meu tombo na neve e ele ficou mais rasgada do que já estava. Não sei direito
como fiz para levar o tombo, mas foi engraçadíssimo, e quase tão bom quantos os
outros tantos que eu levado espontaneamente por aqui.
(flor) (entre um take e a calefação)
O enredo de nosso triângulo amoroso continua incerto, o que
deixa o Michel desesperado, já que ele não consegue entender qual o seu papel
no filme. Eu e Charly vamos pensando dia a dia na trama, e inventando algumas
cenas de última hora. Hoje filmamos uma dessas, externa, e a sensação térmica
era de menos dez graus. A mão do Samore, nosso fotografo, congelou e o meu pé e
da Manu chegou a menos cinco. Mas minha
vida ficou muito melhor depois que meu querido diretor me emprestou uma calça
de moleton.
Tenho pensado mais na Caroline do que em São Longuinho,
padroeiro das mulheres que usam bolsas grandes. Fico imaginando Caroline, nossa
montadora, com o material de três câmeras na ilha, horas de aula, cenas
improvisadas, cenas do roteiro, cenas novas de ficção, cenas documentais e uma claquete cuja numeração
está mais incompreensível que o cirílico. Imagino Caroline e peço a Deus por
sua saúde.
Dedico este post a ela, que de boba não tem nada, pois já está
vindo lá de São Paulo para Moscou, afim de entender bem o cerco, digo, circo em
que foi amarrar seu burro.
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