quinta-feira, 20 de março de 2014

para Caroline





(fumódromo)


(tom e jerry)


Moscou, dia 20 de março, sensação térmica de -10 graus

Comprei o mr.muscle,  um desinfetante de banheiro, e a cada dois dias encharco minha privada e banheira com ele. Depois jogo água pelando, deixo escorrer, secar e preparo uma banheira bem quentinha pra mim. Uma parte da equipe tem nojo da banheira, mas eles não tem noção do que estão perdendo, um banho desses depois de um dia de frio pode operar milagres.

Nossas filmagens entraram no prumo. O inesperado tem se conjugado harmoniosamente dentro de nossa ordem do dia, ou melhor, nossa desordem do dia. As cenas estão boas e o Charly tem conseguido fazer o que quer e parece mais satisfeito com o material. As aulas engrenaram, apesar de quase todos os figurantes terem desaparecido e o jantar do alojamento foi trocado por um catering deixando nossa vida um pouco mais digna.

Eu, que pessoalmente tenho dificuldade de fazer cenas onde “nada” acontece, tenho me sentido bem mais a vontade nesse tipo de plano. Minha febre passou e foi substituída por uma alergia feroz, mas nada que um novo comprimido não tenha resolvido. Enquanto uns se curam outros adoecem, e assim, nosso set continua uma sinfonia de tosses. Eu comprei uma casaco novo pela pechincha de 999 rublos e confinei a Sarita à mala de figurinos, já que outro dia filmamos meu tombo na neve e ele ficou mais rasgada do que já estava. Não sei direito como fiz para levar o tombo, mas foi engraçadíssimo,  e quase tão bom quantos os outros tantos que eu levado espontaneamente por aqui.



           (flor)                                                             (entre um take e a calefação)

O enredo de nosso triângulo amoroso continua incerto, o que deixa o Michel desesperado, já que ele não consegue entender qual o seu papel no filme. Eu e Charly vamos pensando dia a dia na trama, e inventando algumas cenas de última hora. Hoje filmamos uma dessas, externa, e a sensação térmica era de menos dez graus. A mão do Samore, nosso fotografo, congelou e o meu pé e da Manu chegou a menos cinco.  Mas minha vida ficou muito melhor depois que meu querido diretor me emprestou uma calça de moleton.

Tenho pensado mais na Caroline do que em São Longuinho, padroeiro das mulheres que usam bolsas grandes. Fico imaginando Caroline, nossa montadora, com o material de três câmeras na ilha, horas de aula, cenas improvisadas, cenas do roteiro, cenas novas de ficção, cenas documentais e uma claquete cuja numeração está mais incompreensível que o cirílico. Imagino Caroline e peço a Deus por sua saúde.

Dedico este post a ela, que de boba não tem nada, pois já está vindo lá de São Paulo para Moscou, afim de entender bem o cerco, digo, circo em que foi amarrar seu burro.

   (Vladimir, o professor)                                     (Anastácia, nossa produtora local)

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