quarta-feira, 5 de março de 2014

um set em moscou


São Paulo, 5 de março
Quarta-feira de cinzas e de chuva. Na fila do centro espero para tomar um passe antes da viagem. O homem na janela incorpora um caboclo animado enquanto eu penso na Rússia. O fato de ter de usar as roupas da personagem vinte e quatro horas por dia me dá um vislumbre de que também eu vou acabar incorporando alguma coisa. No mínimo eu mesma. Versão gelada, vermelha e russa. Não sei quantas câmeras vão conosco na viagem, mas a equipe tem mais ou menos quinze pessoas, entre elas seis atores. Da viagem original de 2009 somos eu,  Manu, Soraia, a portuguesa, Alina, a tradutora e o Lênin, que continua embalsamado. O resto é ficção. Tudo é ficção. Estou pronta para o creme azedo boiando na sopa rosa-choque, para o papel de parede mofado do quarto do alojamento e o frio petrificante na ponta do nariz. Só não estou pronta para este filme ficar uma merda. E é claro que não vai ficar, mas que passa pela minha cabeça, passa, ah passa. E pesa nas costas. Haja cervical e lombar. Ó céus, livrai-me da ansiedade e do medo de falhar. Quero viver cada vão momento. Só isso. Minhas duas malas que podem comportar vinte e três quilos cada, estão abertas na sala de casa, e eu pretendo usar cada grama que a companhia aérea me conceder.  Minimalismo nenhum. Foi dureza fazer a prova de roupa com mais de 30 figurinos para o frio russo durante o calor paulistano, mas eles agora existem, e me olham ansiosos do chão de taco lá de casa.

ps: Moscou fica a 1000 quilômetros da Ucrânia. É suficiente?

2 comentários:

  1. Parabéns, sua linda! Brilhe muito, sempre. Sou sua fã. Bjs também em Manu. MARAVILHOSAS!

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  2. acho lindo escrever 'Ó céus". raissa.
    ps. cabei de te descobrir pelamor não para de escrever aqui...

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