Quarta-feira de cinzas e de chuva. Na fila do centro espero
para tomar um passe antes da viagem. O homem na janela incorpora um caboclo animado
enquanto eu penso na Rússia. O fato de ter de usar as roupas da personagem
vinte e quatro horas por dia me dá um vislumbre de que também eu vou acabar
incorporando alguma coisa. No mínimo eu mesma. Versão gelada, vermelha e russa.
Não sei quantas câmeras vão conosco na viagem, mas a equipe tem mais ou menos
quinze pessoas, entre elas seis atores. Da viagem original de 2009 somos
eu, Manu, Soraia, a portuguesa, Alina, a
tradutora e o Lênin, que continua embalsamado. O resto é ficção. Tudo é ficção.
Estou pronta para o creme azedo boiando na sopa rosa-choque, para o papel de
parede mofado do quarto do alojamento e o frio petrificante na ponta do nariz.
Só não estou pronta para este filme ficar uma merda. E é claro que não vai
ficar, mas que passa pela minha cabeça, passa, ah passa. E pesa nas costas.
Haja cervical e lombar. Ó céus, livrai-me da ansiedade e do medo de falhar. Quero
viver cada vão momento. Só isso. Minhas duas malas que podem comportar vinte e
três quilos cada, estão abertas na sala de casa, e eu pretendo usar cada grama
que a companhia aérea me conceder.
Minimalismo nenhum. Foi dureza fazer a prova de roupa com mais de 30
figurinos para o frio russo durante o calor paulistano, mas eles agora existem,
e me olham ansiosos do chão de taco lá de casa.
ps: Moscou fica a 1000 quilômetros da Ucrânia. É suficiente?
Parabéns, sua linda! Brilhe muito, sempre. Sou sua fã. Bjs também em Manu. MARAVILHOSAS!
ResponderExcluiracho lindo escrever 'Ó céus". raissa.
ResponderExcluirps. cabei de te descobrir pelamor não para de escrever aqui...